Falar da vida pessoal ou profissional?

Hoje quero conversar com vocês sobre um assunto que, mais cedo ou mais tarde, você vai acabar topando: como estabelecer um limite entra o que publicamos sobre a nossa vida pessoal ou profissional?

Temos que escolher falar de um ou outro?

Ou é possível mesclar e falar de ambos?

Como esse artigo nasceu aqui na minha cachola

O que me levou a escrever este artigo foi uma conversa que tive na última semana com a Renata, amiga de longa data da minha esposa Fran.

Estávamos lá em Antwerpen bebericando as nossas cervejas (menos a Rê, que está quase parindo!) quando ela me perguntou como postar conteúdo em suas redes sociais, principalmente no que diz respeito a compartilhar coisas da sua vida pessoal ou profissional.

Uma das preocupações da Rê, que trabalha como design de interiores, era que ao compartilhar coisas da sua vida pessoal, as pessoas pudessem acabar confundindo as coisas e ultrapassando alguns limites que ela não está disposta a aceitar.

E esse é um dilema de praticamente todo mundo que resolve colocar a sua cara na internet, afinal de contas como manter um limite saudável entre nós e o nosso público?

Antes de responder, acho importante fazer uma consideração que eu considero fundamental para esse nosso papo.

Entenda que pessoas se conectam com pessoas…

O primeiro ponto que julgo ser super importante é entender que pessoas se conectam com pessoas, não com empresas.

Ao entender isso, já podemos então perceber que sim, é importante compartilhar coisas da nossa vida pessoal, como os bastidores do nosso negócio, algumas atividades que curtimos, viagens que fazemos e outras coisas relacionadas.

Por que isso é importante?

Porque nós somos primatas que adoramos nos conectar com outros primatas.

Façamos um exercício: imagine que você precisa comprar um curso e tem duas opções igualmente viáveis.

Um deles é de uma pessoa que compartilha alguns detalhes da sua vida e você gosta da forma como ela vê o mundo e tá sempre ali ligado ou ligada no que ela está fazendo.

Você sente que, de acordo com a forma que ela enxerga o mundo, ela parece ser uma pessoa bem legal e do bem.

Já a outra opção é de uma pessoa que você até já ouviu que é um bom profissional, mas essa pessoa não tem redes sociais e você não sabe nada sobre a vida dela.

Só ficou sabendo que ela tem um curso porque ouviu alguém falando sobre ele.

Existem grandes chances – ainda que seja de forma inconsciente – que você acabe escolhendo comprar o curso do primeiro exemplo, pois existe ali algum tipo de conexão, de sentimento de eu conheço mais essa pessoa do que a outra.

Ainda que isso possa não seja 100% verdadeiro, o que nos leva ao ponto seguinte.

Você compartilha publicamente somente o que quer que as pessoas saibam

Você sabe que eu sou de SP, que eu tenho duas filhas lindas que se chamam Isabella e Brunna, que eu sou muito bem casado com a linda Franciane, que eu fui à Itália com 30 anos, que eu me mudei de lá para Liverpool, que eu parei de trabalhar com cidadania italiana para me dedicar exclusivamente ao marketing digital e que atualmente eu moro em Bruges, na região norte da Bélgica.

Mas já parou pra pensar que você não sabe como é a minha casa?

Nem conhece a minha rotina? Você não sabe o que eu como nas minhas refeições, não sabe qual é o meu faturamento e sequer sabe que a minha esposa está produzindo obras de arte, pintando quadros belíssimos que tem arrancado suspiros das pessoas que os vê.

Ou seja: você conhece a minha vida que eu permito que você conheça!

E é esse o grande segredo entre o compartilhamento de informações sobre a nosso vida pessoal ou profissional, que é escolher o que você quer que as pessoas conheçam.

Outro exemplo muito comum é quando a gente viaja para algum lugar, receber “convites” de pessoas que eu nunca vi na vida para tomar um café comigo, beber uma cerveja ou trocar figurinhas.

Você dificilmente vai me ver fazendo esse tipo de coisa, pois isso tem a ver com o próximo ponto dessa nossa prosa…

Anota essa frase: Quem define os limites é você

Repito aqui o que eu falei pra Rê, e que tenho certeza que vai ser importante pra você também:

Quem é responsável por definir os limites é você.

Ahhh Fabio, o pessoal é folgado demais…

Bom, se alguém é folgado ou ultrapassa os limites, desculpe-me a franqueza mas normalmente a culpa é sua.

Quer mais um exemplo?

Certa vez eu estava em um evento no Brasil, quando eu fui reconhecido por uma garota que tinha sido beneficiada pelo meu trabalho, tendo conseguido atingir os seus objetivos.

Durante o bate papo, com ela muito feliz e empolgada e eu também satisfeito e grato pela situação, eis que ela me pede o meu WhatsApp para poder me enviar algumas fotos do seu momento de glória..

Respondi educadamente que ela podia me mandar diretamente pelo direct do Instagram, quando então ela recusou dizendo que preferia me mandar pelo WhatsApp e ficou lá, com o celular nas mãos, esperando que eu passasse o meu número pessoal.

A minha resposta foi simples, clara e brutalmente honesta: eu não tinha absolutamente nenhum interesse em compartilhar o meu número de telefone pessoal com ela, e caso ela realmente quisesse me mandar as fotos (que eu estava zero interessado em ver, diga-se de passagem), a única forma possível era pelo direct do Instagram.

Aí veio aquela situação clássica do sujeito passivo-agressivo:

– Mas você acha que eu vou ficar te enchendo o saco só porque eu vou ter o seu número de telefone?

Minha resposta mais uma vez a desconcertou:

– Eu tenho certeza que você não vai, pois como eu acabei de te dizer, as chances de compartilhar meu número pessoal com qualquer pessoa que não seja minha família e meus amigos pessoais é zero.

Aí enquanto ela balbuciava alguma coisa, eu agradeci pelo reconhecimento, virei as costas e deixei a doida lá falando sozinha…

Estou te contando essa história pra deixar muito claro pra você que somos nós, e somente nós, os responsáveis por estabelecer os limites que queremos para a nossa vida.

E isso vale para qualquer situação.

Por isso, a partir de agora, quero que você leve contigo esse conceito de que você é responsável pelos limites que julgar serem corretos, não deixando que ninguém os ultrapasse, estamos combinados?

Conclusão

Sim, eu acredito que é super importante compartilhar partes da nossa vida pessoal, tal qual você me vê fazendo constantemente no meu perfil do Instagram.

Mas isso deve ser feito sempre de forma que gere conexão com as pessoas, que faça sentido que elas te conheçam melhor, mas que ao mesmo tempo não gere nenhum tipo de desconforto.

Mas Fabio, eu posso ter um perfil para falar única e exclusivamente sobre o meu trabalho?

Claro que pode!

Porém entenda que neste caso você vai se tornar a pessoa do segundo exemplo que eu dei anteriormente.

Se houver um concorrente seu que esteja compartilhando suas histórias pessoas e/ou a sua visão de mundo, as chances são que ele vai conseguir ter mais sucesso do que você.

Além do fato de que se você tem um perfil em uma rede social onde você publica somente conteúdo sobre o seu trabalho, talvez você esteja no lugar errado..

Pois se você está usando a rede social como uma vitrine de produtos, então talvez seria mais coerente ter um e-commerce e não um perfil social, faz sentido?

E é colocando essa pulguinha aí atrás da orelha de muita gente que eu termino este artigo.

Um enorme abraço e até o próximo post.

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